29 julho 2015

Fungulamaso perante mísseis ideológicos

Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6)
Os boatos ganham terreno quando duas condições estão reunidas: incerteza e medo. Há dois tipos de boatos: os espontâneos e os intencionalmente provocados. Neste último caso - regra geral de natureza política -, podem assumir o papel de mísseis ideológicos devastadores. Por exemplo, no que concerne à província de Tete, há quem tente passar a mensagem sistemática de que há uma guerra generalizada provocada pelos maus [do exército governamental] contra os bons [do exército da Renamo, ultimamente designado por "braço armado"], com dezenas de mortos do lado governamental [aqui e acolá só falta dizer que todos os soldados governamentais morreram]. Produz-se, assim, uma atmosfera porosa de intimidação, medo e discrédito, histericamente ampliada pelos blogues do copia/cola/mexerica e por certas páginas das redes sociais [pormenor: os comentários de autores anónimos são elucidativos]. Portanto, fungulamaso=abre o olho=está atento.

1 comentário:

nachingweya disse...

O problema surge quando não há desmentidos quer noticiosos com imagens e entrevistas actuais do contexto geográfico do boato, quer oficiais de quem por dever defender e tranquilizar as pessoas, quer dos correspondentes de agências noticiosas dos países para se diz que as pessoa fogem , etc. Esta ausência da verdade torna qualquer notícia uma notícia. Quando há fumo é preciso algum conhecimento de química ou magia para explicar a ausência de fogo.