19 outubro 2014

Ante a profecia nãorealizável da Renamo: o que vai agora suceder? (4)

-"[...] Desta vez a vitória é nossa, uma vez que as condições já estão criadas para o efeito. A vossa presença massiva (no comício) mostra claramente que Dhlakama já é inquilino da Ponta Vermelha. E isso está fazer com que alguns candidatos respirem fundo. No dia 15 vamos apenas às urnas confirmar a nossa vitória”, disse o candidato da Renamo."Aqui.
-"A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) reivindicou esta quinta-feira, dia 16 de Outubro, vitória nas eleições gerais de 15 de Outubro em Moçambique e disse que não reconhece os resultados eleitorais, anunciou o porta-voz do partido." Aqui. (recorde a adenda 12 aqui)
Quarto número da série. Passo ao segundo ponto do sumário proposto aqui, a saber: 2. Dhlakama e a profecia autorealizável. Um prognóstico, uma convicção, uma esperança pode tornar-se real, pode acontecer. Uma previsão pode gerar determinados comportamentos. Regressado das montanhas guerrilheiras, forte da sua oposição armada ao governo central, capaz de pôr em cheque a vida e o futuro do país, político hábil à testa de uma equipa negocial vitoriosa, protegido por uma guarda pretoriana e chancelado por diplomatas estrangeiros, o presidente da Renamo reentrou na vida civil como herói. Aqui e acolá, surgiram epítetos como "messias", "herói", "pai" e "salvador". Em campanha eleitoral, ainda que tardiamente, viu-se rodeado de multidões, em comícios e estradas. Perante tanta gente, tanto aceno, tanto braço levantado, tanto sorriso, o presidente da Renamo surpreendeu-se e extasiou-se. Convenceu-se de que, desta vez, à quinta tentativa eleitoral, absolutamente venceria, sem dúvida de que toda aquela gente, comício após comício, estrada após estrada, era disso, por antecipação, a prova insofismável. A profecia autorealizar-se-ia, tomaria corpo - decidiu. Falando dele na terceira pessoa, como também era hábito de César, disse: "Dhlakama já é inquilino da Ponta Vermelha." E assim acreditaram e decidiram os seus admiradores, os membros do seu partido, as suas bases sociais.

Sem comentários: