18 agosto 2012

Apartheid não tem raça: massacre de Marikana (1)

Habituámo-nos a encarar a África do Sul como a coluna vertebral do apartheid, da segregação racial. Habituámo-nos a analisá-la com base na cor da pele. Agora, face ao massacre de Marikana, sentimo-nos perturbados, falta-nos a instintiva gazua daltónica da cor da pele, custa-nos efectuar o trânsito entre o conflito racial e o conflito laboral. Mas vamos por partes nesta curta série, recordando alguns momentos feios da história sul-africana. As fotos acima documentam o massacre de Shaperville, ocorrido em 1960, do qual resultaram 69 mortos e 180 feridos. Créditos aqui e aqui. Recorde aqui.
(continua)
Adenda: entre os vários trabalhos referentes à África do Sul conferíveis neste diário, sugiro recordem a série em oito números intitulada A África do Sul de Malema, divulgada o ano passado, aqui.
Adenda 2 às 16:33: um trabalho de Justice Malala, aqui.
Adenda 3 às 18:49: inteligentemente, politicamente, o ex-líder da liga juvenil do ANC, Julius Malema, aproveita bem a situação. Confira aqui.

8 comentários:

Anónimo disse...

Volvidos quase 20 anos apos o apartheid, a policia SA ainda nao aprendeu novos metodos de tratar com as manifestações? Que VERGONHA! O chefe da Policia e o ministro di interior deviam, no mínimo demitir, se nao ir para a cadeia. Tantos mortos?!
Ja agora houve uma marcha dos povos da SADC em protesto contra a falta de justiça. Mas o Governo da cidade, para evitar ter que tomar estas medidas, mandou a marcha para a marginal... literalmente marginalizando-a, hehe.

nachingweya disse...

"Peles negras máscaras brancas" Franz Fanon.
O modelo de governação das nações libertadas não é diferente do dos colonizadores. O que se fez foi a substituição dos operadores de uma mesma máquina chamando a isso independência ou liberdade. Daí que os métodos de repressão ao povo colonizado sejam os mesmos para o agora povo libertado. Por isso a nossa polícia tem armas de guerra.

Sabendo-se que muitos mineiros na RSA são da SADC talvez tivesse sido oportuno o Presidente em exercicio da SADC indicar um enviado especial para acompanhar o presidente Zuma. Somente para apurar que não há no caso de xenofobia policial à mistura.

BMatsombe disse...

Nosso comportamento consiste em usar a cor da pele para tirar dividendos políticos. Somos mestres nessa arte, mas povos aprenderam a ver o que está atrás da cor da pele.

Anónimo disse...

Malema vai esta tarde ao local falar aos mineiros.

nachingweya disse...

Brilhante o situacionismo político de Malema! Não é ele quem defende a nacionalização das minas para colocá-las ao serviço do povo? Enquanto o ANC, no Governo, usa fusis contra a classe explorada em defesa do Capital Internacional e enquanto o ANC transforma a política do "Black Empowerment" numa prática de "Black Whitening".
Este sangue vai sair caro ao ANC.
Vai.

PS.: Gostaria de ter acesso a qualquer pronunciamento da SADC (presidência, secretariado, fórum parlamentares, tribunal....etc.)

Salvador Langa disse...

Outra maneira de dizer as coisas seria "capitalismo não tem raça". Reparem como em certa imprensa se procura mostrar que os mineiros grevistas são maus armados até aos dentes e que os polícias apenas se limitaram a defender-se. Com balas completamente reais.

ricardo disse...

Velhas Histórias nunca resolvidas por comissões de verdade de paninhos quentes. Cenários townshipianos revividos por muitos. E até naparamas revisitados. Tudo disfarçando uma grande verdade: Os sindicatos deveriam sempre servir os anseios da classe trabalhador e não agir de acordo com directórios políticos. Como bom exemplo do que digo, a nossa triste OTM. E é nesse contexto que tambem aparece o sr. Malema surge agora como o arauto dos descamisados. Tem a sua oportunidade, talvez a derradeira, de emergir da tumba onde havia sido politicamente enterrado.

Como dizem no Brasil, para baixo todo o santo ajuda...

TaCuba disse...

Alguém fala das condições de vida dos mineiros?