29 julho 2011

Sobre causas

De um excelente editorial do "Notícias" digital de hoje: "O número de greves no país baixou nos últimos anos de uma média de doze para apenas dois episódios por mês, feito que é atribuído à boa prestação dos mecanismos de arbitragem, mediação e conciliação. (...) parece-nos razoável admitir que esta maneira de colocar este problema e as conclusões a que se chega é bastante reducionista. A questão que seria de levantar é saber em que medida é que a redução do número de greves resulta da solução dos problemas que geralmente lhes dão origem." Aqui.
Observação: a ausência de visibilidade de conflitos no prisma estatístico não só não significa que eles não existam, como pode ser o indicador da gestação de conflitos a outros níveis. Mas o mais importante a considerar reside na crença politizada de que os trabalhadores moçambicanos aceitam as condições de exploração desenfreada a que muitas vezes estão sujeitos ("povo pacífico" é um dos eufemismos). Não seria desinteressante estudar as causas dessa crença.

4 comentários:

Anónimo disse...

De vez em quando o Noticias desce às bases...

Salvador Langa disse...

Se calhar não seria má ideia saber quantos calorias consomem em média os trabalhadores.

ricardo disse...

Se calhar, nao fazem greve porque chegaram a conclusao que nada do que reivindicam e levado a serio pelos patroes, sindicatos e o proprio Governo. Provavelmente, comecem a aceitar a ideia que Dhlakama, com o seu discurso truculento e a maneira mais correcta de fazerem tabua rasa das suas frustracoes laborais.

Atente-se tambem, ao resultado de duas grandes manifestacoes laborais havidas no pais. Uma no estadio Nacional. Outra, na G4S. Todas com tiros, mortes, feridos e bastonadas. E muitos rotulos para colorir os trabalhadores nelas envolvidos.

Ate um burro cansa-se de levar pancada!

nachingweya disse...

"Morto o cão acaba-se a raiva"
A diminuição do emprego formal fora da função pública (cujo sindicato está a ser formatado pelas entidades competentes) pode explicar a diminuição das greves.
De facto, tudo isso associado ao zelo da polícia rápida e da lenta que também mata e muito,é fortemente dissuasor.
(Até no futebol já puxa pelo gás lacrimogénio, vai-se lá imaginar que argumentos detém para responder a uma greve, sobretudo depois das fragilidades de 1 e 2 de Setembro)
Quer assaltar um local guarnecido pela G4S? Acerque-se do homem com calma e segrede-lhe que é chegado a um boss da Intervênção.Verá o efeito.