25 julho 2008

Do poder político (4) (continua)

Vamos lá prosseguir um pouco mais esta série.
Série sobre o quê? Sobre o poder político. A maior parte de nós esforça-se no sentido de dignificar, de melhorar esse poder, de o tornar domesticado. O problema, porém, é saber qual é o seu êmbolo, êmbolo que nunca é domesticável para mais samaritanas que sejam as nossas intenções.
Escrevi já que era indispensável colocar estas duas perguntas:
1. De que maneira posso conseguir que A, B, N, façam o que eu, Estado, quero que eles façam?
2. De que maneira eu, Estado, posso induzir condutas de forma permanente, sabendo bem que tenho de fazer face a resistências de vária índole?
E acrescentei o seguinte: se essas perguntas políticas forem justas, então creio ser sensato responder que é possível dar duas respostas, a saber:
1. Preciso empregar a força
2. Preciso empregar a persuasão
Falei-vos um pouco sobre a força. Não é força em si, força sem sentido, é força política, força destinada a domar e a prevenir a contestação, é força lógica mesmo quando ilógica.
Todavia, todos os regimes procuram sempre economizar na força e investir em sectores, em aparelhos capazes de produzir e de reproduzir a obediência e de diminuir o risco do protesto social. E aqui - ponto capital, ponto fulcral -, a questão na persuasão consiste em encontrar os mecanismos capazes de surtirem efeito a dois níveis:
1. Conversão dos interesses particulares ou privados em interesses universais, em interesses de todos
2. Investimento em áreas de diversão, de ludicidade, de entorpecimento da crítica

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