30 abril 2007

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (8) (ou os cinco mosqueteiros) (continua)






"A chefe do posto administrativo de Covo, distrito de Nacala-a-Velha, na província de Nampula, Ana Sabonete, queixou-se ao governador Felismino Tocoli, de ser constantemente ameaçada de morte, por exploradores ilegais de madeira daquele ponto do país sob a sua jurisdição administrativa."

Vou tentar periodizar esta já longa história da teoria do complô, da tenebrosa mão estrangeira surgida desde que se começou, de forma mais profunda, especialmente este ano, a mostrar o saque das nossas florestas, sem esquecer que faz anos que a nossa imprensa dele dá conta.
E, fazendo-o, terei prazenteiramente em conta os mosqueteiros de Alexandre Dumas. O nosso país tem mais do que três, melhor dito quatro (d´Artagnan também conta, claro) mosqueteiros em sua cruzada pelo rei contra o desmatamento do patriotismo e contra o complô, contra a tenebrosa mão estrangeira.
Aqui e hoje, apenas irei considerar cinco, a saber:
1
Depois da minha carta ao presidente da República a 30 de Janeiro deste ano, solicitando a nomeação de uma comissão de inquérito para analisar o que chamei saque das nossas florestas e dois dias depois da divulgação de uma carta aberta de Marcelo Mosse ao presidente da China (07/02/07), Rogério Sitoe do "Notícias" escreveu no dia 9 de Fevereiro uma crónica com o título "Conjecturas: Madeira, chineses e cooperação". O toque da mão estrangeira foi logo dado no primeiro parágrafo: "Não é nenhum exercício intelectual extraordinário excluir, à partida, a hipótese de simples coincidência. É uma ilação óbvia afirmar que, em torno de toda esta enérgica reivindicação, está no seu epicentro a presença de Hu Jintao em Moçambique, e certamente todo o seu périplo pela África. É uma forma directa de enviar uma mensagem de descontentamento a Hu Jintao sobre o que está a acontecer às floretas moçambicanas." Mas Sitoe teve a sensatez de escrever também o seguinte: "À semelhança da maioria das pessoas, preocupa-me, também, a exploração desenfreada de madeira e de forma insustentável, portanto, sem cumprimento de regras tal como está a ocorrer nas nossas florestas. Acrescento: seja ela praticada e estimulada por alemães, japoneses, ou por chineses e moçambicanos."
2
A 14 de Fevereiro veio a terreiro Adelino Buque, em artigo de opinião publicado no "Notícias" de 14 de Fevereiro. Contundente, conselheiro, apaziguador, Adelino Buque pediu ao presidente da República que ficasse calmo e continuasse "com a sua carregada agenda de combate à pobreza", pois a carta que lhe escreveram (a minha, claro) "não passa de um falso texto com cheiro a xenofonia". Fazendo uso de dados oficiais sobre o bem-estar florestal do país, Buque afirmou que tudo foi preparado de forma a "abalar as autoridades locais na cooperação" com a China e a propósito da visita do presidente chinês a Moçambique. A campanha anti-chinesa "usou" (sic) "pessoas com créditos firmados na praça em termos de análise dos assuntos da sociedade, pessoas do mundo da academia e também instituições de cooperação". Porque o plano exigia presteza "e o exercício tinha de ser feito muito rapidamente, não se deram tempo para análises muito mais cuidadas e desprezaram detalhes que definitivamente põem em causa as suas teorias sobre o perigo de desertificação." O Sr. Buque escreveu ainda que importava "pôr ordem na casa", impedir que se ponha "a sociedade de costas viradas contra o seu Governo" e "reequacionar o papel de algumas organizações que actuam em Moçambique". Finalmente, Buque recordou que, quando era criança, se falava do "perigo de chineses porque estes comiam pessoas, de preferência crianças, e as pessoas eram educadas pelo sistema colonial a olhar para os chineses com desconfiança".
3
A 25 de Fevereiro, na sua habitual e longa crónica semanal no semanário "Domingo" (na imagem), surgiu Sérgio Vieira a terrreiro terçar armas contra a etnicização das coisas, contra a corrosiva visão anti-chinesa que lhe parecia existir em Moçambique. Face a numerosos casos de saque relatados pela nossa imprensa (recorde-se o trabalho de 21 de Janeiro de Jorge Rungo, por exemplo, nesta série), Vieira achou por bem esgrimir o risco de estarmos a criar o "perigo amarelo". Zeloso, Vieira deixou na penumbra o saque real das nossas florestas. Não há saque algum, que se exporte a madeira. Para quê - agora a ideia que se segue é minha - existir na nossa bela pátria a preversa rabugice de um Samuel Huntington com o seu "choque de civilizações" e o seu ruidoso alerta contra o Islão e a China*? Nem pensar em termos Huntingtons aqui!
4
Um pequeno interregno e eis que em Abril foi a vez de Gabriel Muthisse. Numa enorme crónica a quatro colunas no "Meianoite" (03-09/04/2007, p. 22), escreveu o seguinte: " A maior preocupação em relação às florestas parece estar ligada a um presumível saque da nossa madeira por parte dos industriais chineses. Uma campanha contra esse saque foi lançada, tendo coincidido com a visita do Presidente da República Popular da China a Moçambique". Ora - sustentou Muthisse - não é verdadeira a história do saque no nível onde os conspiradores o pretendem, maldosamente, situar: exploração madeireira. Por quê? Porque é preciso saber onde está o eixo do saque. Ora, os maiores destruidores e saqueadores das nossas florestas têm dois nomes gloriosamente simples: os camponeses e o "Homem" (sic) (também o "homem de Maputo", sic).
5
Finalmente, veio à ribalta Lázaro Mabunda, o quinto mosqueteiro, com a sua classificação final e a sua severa teoria dos vendedores da pátria:
"(...) a aludida desmatação das florestas no país não passa de um falso alarme, senão um barulho financiado por interessados em negócios de madeira, mas que não encontram a “rede” para navegar. É bom que se diga isto: este é um conflito União Europeia vs China, ambos interessados nas nossas florestas. Nós apenas servimos, isso sim, de caixa de ressonância para desencadearmos um barulho sobre o que não existe. Somos usados pelos que têm dinheiro. Ou seja, vendemos a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros."
Pobre chefe do posto administrativo de Covo, lá em Nacala-a-Velha, província de Nampula, pobre Ana Sabonete que, ignorando que tudo era e é um "falso alarme", um "barulho", se queixou ao governador de Nampula de ser ameaçada de morte por exploradores ilegais de madeira!
______________________________
*Huntington, Samuel P., Le choc des civilisations. Paris: Éditions Odile Jacob, 1997.

A propósito do 1º de Maio amanhã


A Organização dos Trabalhadores Moçambicanos luta por obter um salário mais digno para os trabalhadores. Isso não impede de, amanhã, estar previsto um mega-espectáculo para cuja realização será instalado na Praça da Independência "um grande hidráulico, vindo dos Estados Unidos, que alberga cerca de 80 toneladas de equipamento de som e luz e está equipado com uma tecnologia de ponta que permite a sua automontagem."
Por todo o mundo, entretanto, a acção sindical perde terreno desde os anos 70. Leia aqui um pequeno exemplo.

29 abril 2007

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (7) (e comunidades e fiscais de Cabo Delgado vendem a pátria na lógica de Lázaro Mabunda) (continua)


A série prossegue, agora com um número circunstancial, produto do que acabei de ver. Foi o seguinte:
A estação televisiva STV acabou de passar um programa feito em Cabo Delgado com a seguinte característica central: representantes das comunidades e dos fiscais afirmaram que existe exploração ilegal das florestas em certos distritos e o representante da Agricultura afirmou que deles não tem conhecimento ainda que tivesse ressaltado que era possível que pudessem acontecer.
Por este andar, teremos gente a mais neste país a vender a pátria e a cair integralmente no raio de acção da luta de Lázaro Mabunda contra o desmatamento do patriotismo. Recorde-se o que escreveu:
"(...) a aludida desmatação das florestas no país não passa de um falso alarme, senão um barulho financiado por interessados em negócios de madeira, mas que não encontram a “rede” para navegar. É bom que se diga isto: este é um conflito União Europeia vs China, ambos interessados nas nossas florestas. Nós apenas servimos, isso sim, de caixa de ressonância para desencadearmos um barulho sobre o que não existe. Somos usados pelos que têm dinheiro. Ou seja, vendemos a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros."

Vamos lá, mano!


Foto "Domingo" 29/04/07, 1.ª página.

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (6) (e Joaquim Madeira abrangido pela cruzada de Mabunda contra o desmatamento do patriotismo) (continua)






A série prossegue. E prossegue recordando, uma vez mais, aquilo que o jornalista Lázaro Mabunda escreveu a propósito daqueles que no nosso país reportam o saque das nossas florestas:

"(...) a aludida desmatação das florestas no país não passa de um falso alarme, senão um barulho financiado por interessados em negócios de madeira, mas que não encontram a “rede” para navegar. É bom que se diga isto: este é um conflito União Europeia vs China, ambos interessados nas nossas florestas. Nós apenas servimos, isso sim, de caixa de ressonância para desencadearmos um barulho sobre o que não existe. Somos usados pelos que têm dinheiro. Ou seja, vendemos a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros."

Ora, o procurador-geral da República, Joaquim Madeira (e o Ministério Público por extensão), também é rigorosamente abrangido pela classificação de Mabunda, também vende a pátria como outros (ambientalistas, jornalistas, cidadãos comuns), pois mostrou-se preocupado com o desmatamento e afirmou, em plena Assembleia da República, no seu informe anual, que o Ministério Público "continuará de olho" (sic) nas ilegalidades, tal como mostram os extractos reproduzidos na sequência de imagens.
Sem dúvida que na lógica de Mabunda a pátria está a ser vendida desalmadamente, sendo lamentável que não haja uma lei a fixar a média anual de corte não-patriótico por forma a evitar o risco de desmatamento do patriotismo.
Aguardem a continuação desta série.

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (5) (e os vendedores da pátria em troca de dólares ou de euros na lógica de Lázaro Mabunda) (continua)


I
Prossigo esta série, depois de, no número anterior, ter apresentado duas peças contraditórias de Jorge Rungo do semanário "Domingo", procurando situá-las no contexto da classificação que o seu colega Lázaro Mabunda do semanário "O País" fez dos vendedores da nossa pátria.
Em Fevereiro deste ano, o "Notícias" reportou a extraordinária odisseia de 50 contentores de madeira em toros apreendida no porto de Pemba graças a um telefonema anónimo para o governador de Cabo Delgado. Na altura, o jornalista Pedro Nacuo escreveu o seguinte: "Mas ficou algo muito intrigante: que resulta do facto de constatarmos que quem esteve envolvido na “operação” que desaconselhou a exportação ilegal da madeira, são as mesmas pessoas ou instituições que chefiam, que deviam ter evitado que nem sequer a madeira saísse do seu parque, no bairro de Muxara."
Em Março, o porto de Nacala foi descrito como "porta" de saída de diversas espécies de madeira retirada do país, com o aparente envolvimento dos líderes comunitários. Fontes que revelaram o facto a nossa Reportagem, apontaram os distritos de Meconta, Mogincual, Monapo, Eráti e Muecate, como regiões, cujos recursos florestais são explorados sem a observância de critérios plausíveis."
No mesmo mês, dezoito contentores, provenientes de Manica, com 250 metros cúblicos de madeira serrada e de outro tipo em toros, do tipo panga-panga, foram apreendidos no porto da Beira. A apreensão foi possível graças a um denúncia chegada ao ao gabinete do governador de Sofala.
Os leitores deste diário sabem que existem aqui dezenas de entradas concernentes ao saque da nossa madeira.

II
A denúncia do saque não começou com o relatório de Jacqueline Mackenzie, como Sr. Lázaro Mabunda escreveu.
Como a imagem desta entrada comprova, como centenas de entradas comprovam na imprensa escrita do nosso país há vários anos, como vários relatórios independentes comprovam, o saque da nossa floresta é real.
E são Moçambicanos quem tem escrito na nossa imprensa, reportando esse saque.
Ora, rigorosamente na lógica de pensamento de Macatai Mathendja (evidente pseudónimo) e de Lázaro Mabunda, os jornalistas que têm reportado o saque, o ex-governador Abdul Razac que se mostrou preocupado com a situação em 2004 (veja recorte da imagem desta entrada) e muitos outros Moçambicanos, entre os quais os ambientalistas, todos eles estão ao serviço da União Europeia (contra os Chineses na tese de Mabunda) para, como diz de forma grave o mesmo Mabunda, venderem "a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros".
E, naturalmente, dentro da mesma lógica, também vende a pátria o procurador-geral da República, Joaquim Madeira, que há dias e pela primeira vez se referiu, no seu informe anual à Assembleia da República, ao tema "extracção e exportação de madeiras das nossas florestas", lamentando, por exemplo, que as ilegalidades tenham o beneplácito dos fiscais "ou até de agentes superiores do sector, que se comportam como se delas tirassem proveito pessoal" (no próximo número desta série reproduzirei a parte do relatório sobre florestas que aqui interessa).
Não há dúvida de que Lázaro Mabunda vai ter que justificar muitas coisas aos muitos Moçambicanos que acusou de venderem a Pátria.

28 abril 2007

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (4) (e as mudanças de humor de Jorge Rungo no quadro da classificação de Lázaro Mabunda) (continua)



A 21 de Janeiro deste ano, o semanário "Domingo" apresentou a página inteira que a imagem documenta no topo, em peça do jornalista Jorge Rungo. Como podem reparar, o quadro traçado por Rungo é catastrófico. Revelando o que revelou, Jorge Rungo caiu dentro da severa classificação do seu colega Lázaro Mabunda. Recordo que Mabunda escreveu em crónica no "O País" que os Moçambicanos apenas servem de caixa de ressonância para desencadearem um "barulho que não existe" no conflito existente, na decisão mabundana, entre a União Europeia e a China por causa da nossa madeira. Recorde-se, ainda, como Mabunda finalizou a citada crónica: "Somos usados pelos que têm dinheiro. Ou seja, vendemos a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros." Agora, Rungo deverá pedir contas a Mabunda, exigindo-lhe que este prove que vendeu a pátria e em que moeda o fez.
Em Março, o "Domingo" apresentou novo trabalho de Jorge Rungo (segunda imagem), num momento em que as denúncias do saque das nossas florestas tinham recrudescido. Repare-se como, nesta segunda vez, já Rungo deu o dito pelo não dito. Agora, o quadro é bom, as florestas estão de boa saúde. E, claro, estão enganados os Amigos das Florestas e eu. Aqui, já Rungo apenas terá de apertar a mão a Mabunda. Acordo fixe, sem venda de pátria.
A série prossegue.

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (3) (Lázaro Mabunda) (continua)


(Dado não ter conseguido encaixar correctamente o texto de Mabunda no meu scanner, sugiro que leiam a versão online aqui)
Resumo: Fala-se muito da desnudação das florestas moçambicanas. Em 17 anos de democracia e liberdade de imprensa e 32 de independência, nunca vi tão impressionante campanha em torno delas. Aqui há interesses inconfessáveis, ao serviço de quem não é, afinal, Moçambicano. E tudo por causa do relatório de Mackenzie (Mabunda não coloca o primeiro nome da autora - Jacqueline - nem dá a referência do relatório). Ora, as autoridades nacionais demonstraram que o corte está bem abaixo do oficialmente fixado. Portanto, o futuro da nossa geração e das gerações vindouras está garantido. Estamos perante um falso alarme inscrito num conflito União Europeia versus China. Nós, Moçambicanos, apenas servimos de caixa de ressonância, vendendo a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros (sic).

Programa: reduzir oposição à insignificância

Certos pronunciamentos políticos públicos são fortes e não deixam qualquer margem de dúvida sobre o que significa poder, como os seguintes, a cargo de um dos históricos da Frelimo, Mariano Matsinhe, citado pelo diário governamental "Notícias":

“Vamos fazer tudo que for necessário de modo a que a Frelimo não saia nunca do poder e que continue a servir melhor. Podem ser criados milhares de partidos e eles todos concorrerem em todas eleições, a Frelimo sempre continuará a mandar neste país. Aliás, queremos que daqui a algum tempo nem sequer no Parlamento entrem, ou seja, no futuro todos assentos devem ser ocupados pelos nossos deputados. Não sou a favor da extinção da oposição, mas ela deve continuar insignificante.”

Chamo a atenção para dois fenómenos para mim fundamentais: 1) O título do "Notícias" é o seguinte, sem aspas e sem remeter para Matsinhe: "Oposição deve ser reduzida a nada"; 2) O ex-ministro da Segurança tem estado a intervir na Academia de Ciências Policiais.
______________________
Deverei voltar ao tema.

27 abril 2007

Prémio Estética


Desta vez o prémio vai para um blogue português, de Isabel Victor.

Tudo vale: vender livro escolar ou motorizadas

Leia aqui a manchete de hoje do mediafax a propósito da inovação empresarial da DINAME (Distribuidora Nacional de Material Escolar), que decidiu também vender motorizadas.

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (2) (Macatai Mathendja) (continua)


(Semanário "Domingo" de 22/04/07, p. 9)
Resumo: com a cumplicidade assassina de alguns compatriotas, perigosos ambientalistas europeus querem adiar o desenvolvimento do país e empobrecer ainda mais o povo moçambicano. Destruiram as minhocas nas suas terras e agora querem vê-las vivas aqui. Por isso estão contra a construção da barragem de M´panda Nkuwa, sob o especioso argumento de que podem ocorrer sismos no vale do Rift. Ora, as barragens são necessárias para evitar as cheias. Os ambientalistas, porém, sempre a pensar em enriquecer e em preservar minhocas e afins, deturpam tudo com o seu discurso. Apenas Sérgio Vieira parece ter percebido esse discurso protelista (sic), ele que já foi tudo neste país menos presidente da República e primeiro-ministro.

Sobre a preguiça moçambicana


O presidente da República dedicou tempo a falar da preguiça dos Moçambicanos na sua viagem pelo centro-norte do país. Essa preguiça é grandemente responsável pela nossa pobreza - afirmou. Leia, agora, a crónica do jornalista Fernando Lima no "Savana" de hoje, 27/04/07, p. 7.

Guenta, mano, guenta!


Foto C.Bila, "Notícias" 27/04/07, p. 5.

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (1)

"Uma orientação política é igualada a um direito moral, e oposição a ela à malevolência diabólica" - Arthut Miller em nota para a peça "As bruxas de Salém", adaptação do seu livro The Crucible (o cadinho) de 1953
Em Fevereiro deste ano escrevi haver indícios do regresso dos caçadores de bruxas.
Ora, os indícios multiplicam-se, vigorosos, cheios de suco gástrico, pujantes de nacionalismo e, até, de um mal disfarçado racismo.
Arautos do tudo-está-bem, neo-mackartistas da terra, denodados caçadores de bruxas, os justiceiros das feiticeiras de Salém, em sua ferverosa cruzada pela nova inquisição, esgrimem ruidosamente a teoria da mão estrangeira e do complô, sejam quais forem os apelos à sensatez.
Nesta série mostrarei exemplos do seu pensamento.

Sobre o abate das nossas florestas



Leia aqui, em língua inglesa, este trabalho.

26 abril 2007

Prémio Crítica Social para três blogues


Eis três blogues aos quais atribuo o Prémio Crítica Social:
Os meus parabéns aos autores desses trabalhos.
N.B. A pouco e pouco irei ampliando o raio de acção dos prémios, diversificando modalidades e destinatários.

De salários rotos e despidos de futuro para o 1.º de Maio

"A rosa vermelha desapareceu./ Para onde foi é um mistério./Porque ao lado dos pobres combateu/Os ricos a expulsaram do seu império.” (Bertolt Brecht)

Uma vez mais, o ritual repete-se, na vizinhança do 1.º de Maio: na pessoa do seu presidente, Amós Matsinhe, a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos ressurge para dizer que os trabalhadores sofrem com o magro salário que recebem.
Segundo Matsinhe, citado pelo "Notícias" de hoje, "o actual salário mínimo somente chega para cobrir metade das despesas básicas de uma família média, sem abranger os gastos com a Educação, Saúde e transportes."
Espera Matsinhe, como todos anos muitos esperam, que o problema possa ser resolvido na Comissão Consultiva de Trabalho, cujos trabalhos terão começado hoje.
Veremos, então, que após longas e laboriosa negociações, chegar-se-á a um acordo, com a fixação de um salário sempre mínimo, salário que, mal começar a ser pago, já terá sido ultrapassado pela subida em flecha dos preços de produtos de primeira necessidade.
Claro que o Capital apresentará razões que dirá serem decisivas para aumentar sem aumentar o salário mínimo.
E claro que o Estado, o maior empregador do país, tudo fará para que o salário mínimo seja mininamente aumentado sem que isso lhe traga grande transtornos.
O Estado não mais estará do lado dos trabalhadores. Do lado do Capital, sim, cada vez mais num mundo no qual o Capital exige um Estado cada vez mais mínimo e no qual os sindicatos perdem terreno muito rapidamente.
Lá por terras do Hotel Fairmont, na São Francisco americana, os capitalistas decidiram uma coisa nos anos 90: neste século ainda chegaremos a um ponto em que bastarão dois décimos da população activa para manter em actividade a economia mundial. O resto será dispensado. Como disse um deles, em fórmula bem à Hobbes, no futuro a questão será "to have lunch ou be lunch"*.
Enquanto isso, o "Notícias" de hoje avança com a seguinte informação a propósito dos festejos do 1.º de Maio na Praça da Independência: "Segundo apurámos, para efeito será instalado no local um grande hidráulico, vindo dos Estados Unidos, que alberga cerca de 80 toneladas de equipamento de som e luz e está equipada com uma tecnologia de ponta que permite a sua automontagem."
Se o objectivo for circense, no dia em que os trabalhadores desfilarem, uma vez mais, perante quem não lhes dará o salário mínimo mas que lhes encherá as cachimónias com veementes pregões de combate contra a pobreza absoluta, não tenho qualquer dúvida de que o espírito de Fairmont viajará dentro do hidráulico para dizer aos nossos trabalhadores - de salários rotos, despidos de futuro - as duas coisas que, diariamente, escutamos pela voz do povo nos sítios do povo: "não há crise" porque "não vale a pena".
_________________________
*Martin, Hans-Peter et Schumann Harald, Le piège de la mondialisation. Paris: SOLIN, 1997, pp. 12-13.

Sete milhões


O presidente da República anunciou no Niassa que o governo "vai aumentar substancialmente este ano o orçamento especial de sete milhões de meticais, que desde o ano transacto é atribuído a cada um dos 128 distritos do país, para financiar empreendimentos públicos e privados que contribuam para o incremento da produção alimentar e criação de mais postos de trabalho." Os fundos serão alocados pelos conselhos consultivos locais a "pessoas singulares ou colectivas que sejam consideradas elegíveis pelos conselhos consultivos de cada um dos distritos." A medida visa, segundo o presidente, contrabalançar a relutância dos bancos em financiar projectos privados.
Ora, o presidente reconheceu há dias em Tete que a primeira fornada de sete milhões atribuída há cerca de dois anos a cada um dos 128 distritos do país tinha sido mal gerida.
A imprensa reportou várias vezes casos de cabritismo flagrante.
Presumo que nunca viremos a conhecer a real dimensão do cabritismo na gestão dessa primeira fornada. E tenho sérias dúvidas sobre se viremos a conhecer o que irá realmente passar-se com a segunda fornada do orçamento especial (cujo montante não foi, porém, divulgado) nesta tentativa para pôr de pé o que me parece ser um esboço de fomento do pequeno capitalismo rural e, eventualmente, de um sector kulaque. Creio que aqui haverá um cerrado combate entre a ala governamental distrital e a ala dos empresários locais ou a isso candidatos.

Riscos para a liberdade de imprensa em Moçambique

Leia o alerta do Centro de Integridade Pública, com base no ante-projecto da Lei de Imprensa. Entretanto, conheça o barómetro da liberdade mundial de imprensa aqui.

25 abril 2007

Morrer de fome


Cerca de 25,000 pessoas morrem cada dia de fome ou de causas relacionadas com a fome, segundo as Nações Unidas, quer dizer, uma pessoa em cada 3,5 segundos, especialmente crianças, tal como pode ver neste mapa aqui.

Feizal Sidat

Uma vez mais aqui vou tentar, com o inêxito habitual, mas sem perda do humor digestivo, desdobrar-me nas minhas duas almas, a do estudante do social e a do cidadão. Aquele procura observar sem juízos de valor, este é completamente juízista de valor. A propósito de quê? A propósito de um dos trunfos eleitorais de Feizal Sidat, candidato às eleições da presidência da Federação Moçambicana de Futebol (FMF). E que trunfo é esse, segundo o "Notícias"? É o seguinte: "Para este candidato à FMF, os clubes têm que começar a pensar no futebol como um mundo de negócios, onde o maior ganho se assenta na produção de talentos e receitas, com a criação destas sociedades anónimas desportivas, onde, para além dos sócios, aparecem empresas que podem dar o seu contributo na gestão financeira das colectividades."

I - Posição do estudante
O candidato mostra possuir bem o ar do tempo. Se tudo é mercadoria, jogadores também devem ser mercadorias. Clube é uma unidade de produção capitalista e unidades de produção capitalistas destinam-se a produzir dinheiro, a produzir mais-valia como dizia o velho Marx. E para isso importa, entre várias coisas, prever a matéria-prima. Qual? A formação de jogadores. Quando mais pequenos e tenros, melhor - diz a alma negocial de Sidat. Mas como o futebol deve ser um complexo, o capitalismo futebolístico deve também apostar nos árbitros, nos treinadores e nos dirigentes. Tudo deve ser rentabilizado na óptica do candidato de Mário Coluna em concorrência com Mário Guerreiro e Norberto dos Santos. A frente de ataque sidatiana é, assim, completamente estrangeira ao espírito paroquial e chorão que está regra geral com a mão estendida para o Estado à procura de dinheiro. Quanto menos Estado e quanto mais Capital e lucro, melhor - eis a plataforma eleitoral de Sidat. Isto não é nem mau nem bom: é uma estratégia eleitoral enraizada no espírito empresarial, na lógica do capital. Resta saber se é eficiente.

II - Posição do cidadão
Como sabem, o cidadão é sempre muito sensível, muito chorão, muito pedinchão. Evidentemente que sei que Sidat não descobriu a banha da cobra tentando, agora, ensinar ao mundo desportivo nacional como se faz negócio. Provavelmente o pessoal não faz mais e melhor negócio do que já faz por falta de conhecimento não digo do Capital de Marx, mas da persistência educadora de Sidat. Cá por mim, vejo com maus olhos a veia capitalista de Sidat. Que tradições, que moral tenciona introduzir? Quer transformar venerandas escolas de formação e de competição sadia em unidades capitalistas de produção? Quer produzir Zainadines, Condes e Paítos para os exportar em série para a África do Sul, a Arábia e a Europa? Não bastam as empresas e os restaurantes anexos aos clubes? A mercantilização do desporto em Moçambique é um risco. O nosso desporto caminha para a privatização nas mãos de Sidat. Como, afinal, tanta outra coisa privatizada neste país.
_________________________________
Bem, no meu estilo artesanal, poderei ainda voltar a isto para corrigir algo.

Afonso Dhlakama

Costumo ensaiar dividir-me, regra geral sem êxito, nas minhas duas almas: a do estudante do social e a do cidadão. E assim vou, uma vez mais, tentar. Em relação a quê? Em relação a duas posições do presidente da Renamo, a saber: primeiro, que nunca se sujeitará à Procuradoria-Geral da República caso o seu sobrinho, o Homo Sibindycus, ganhe na queixa que depositou acusando-o de violência; segundo, que mantém a sua determinação em fazer com que a Renamo mate os polícias que violarem as regras de controlo dos postos de votação.

I - Posição do estudante
As posições de Dhlakama não são nem boas nem más, não são nem justas nem injustas: são apenas posições políticas. As posições políticas são eficientes ou deficientes. Mais nada do que isso. O presidente da Renamo joga com aquelas que acha serem eficientes. Acusam-no de ser um rio tumultuoso. Mas ele riposta, bem à Brecht, argumentando que as margens que o comprimem é que são responsáveis. Disse Weber que o Estado é o proprietário dos meios de violência legítima? Pois ele, Dhlakama, general de quatro estrelas, defende que tem o legítimo direito de também ser proprietário. Por quê? Porque não há em Moçambique um Estado neutro. O Estado que existe é o da Frelimo. E os polícias são da Frelimo. Por isso não irá nunca à Procuradoria da República. O procurador Madeira é bom homem, mas é a Frelimo quem nele manda. E, depois, há ainda, pairando forte, o espírito do acordo geral de paz de 1992. Ora, o velho Hobbes disse um dia que sem a espada os acordos não passam de palavras. Por isso Dhlakama anda de espada desembainhada na proximidade das eleições. E ter a espada desembainhada é um estratégia que obriga o adversário a ser comedido a vários níveis, em particular no que aos locais de votação concerne.

II - Posição do cidadão
O cidadão que há em mim interroga-se, de forma muito severamente moral, sobre a postura cívica do presidente da Renamo, um presidente de partido que almeja desde 1994 ser o presidente da República. O cidadão de mim interroga-se bem no coração do senso comum, esse órgão mental, como dizia Hannah Arendt, que nos faz perceber, compreender e reagir perante a realidade e os factos. E por isso como cidadão serei, aqui, muito piegas. Então, que presidente pode Dhlakama ser com semelhante linguagem castrense, após tantos anos de guerra, metendo Aks-47 em permanência nas palavras perante o seu povo? Que gestão civil coerente poderá algum dia assegurar com o permanente recurso à ameaça? As ameaças e a violência não geram legitimidade, mas medo. Medo e resistência. Medo, resistência e cansaço. Os resultados das últimas eleições, ainda que eu tome em conta as irregularidades havidas, podem denunciar, já, um cansaço popular com a falta de originalidade renamiana. E com a sistemático recurso ao papel de vítima. E que ser é Dhlakama para se furtar à lei? Mais: se um dia for presidente, estará disposto a aceitar a tese frelimiana de que a polícia é da Renamo? Finalmente: suspeito que de cada vez que Dhlakama dispara a sua AK-47 verbal as embaixadas ganham úlceras gástricas.
__________________________________
Pode acontecer que, como é meu hábito, artesanal hábito, aqui volte para corrigir ou mudar algo.

Os jovens patrulhadores do Chamanculo B


Jovens patrulham o bairro Chamanculo B no âmbito da polícia comunitária. Parece terem um princípio simples: ladrão neutralizado, ladrão sovado ou, então, cavador de cova para o lixo. Leia aqui.

A pedagogia do ou-vai-ou-racha


"Nunca me preocupo com o futuro. Muito em breve ele virá" (Albert Einstein)
As turmas estão apinhadas, com 100 estudantes? Não há problemas. Não há carteiras? Não há problemas. Não há material didáctico? Não há problemas. Os professores estão mal preparados? Não há problemas. E no fim do ano? Passamos.
A directora da Escola Secundária Josina Machel na cidade de Maputo, Laurina Titoce, sabe o que diz: “ter 100 alunos por turma não tira a qualidade das aulas”. E como se consegue isso? Resposta: “Desde que o professor entenda a situação actual do país e tenha vontade de trabalhar”. E depois? Resposta: “Nas nossas turmas com 90 a 100 alunos, no final do ano temos um saldo positivo.”

Grândola, vila morena

Foi com esta bela canção do falecido trovador José Afonso (Zeca Afonso, como lhe chamávamos, professor no ex-Liceu Pero de Anaia na Beira)lançou o sinal da "revolução dos cravos" em Portugal, a 25 de Abril de 1974 (colocado por "Portugalmusic" no "youtube")

25 de Abril de 1974


Um levantamento militar a 25 de Abril de 1974 põe fim ao fascismo em Portugal. Um mês depois, juntamente com outros jornalistas, visitei a Tanzania e, pela primeira vez, no Instituto Moçambicano em Dar es Salaam, conheci Samora Machel.

Linchamentos no Brasil: um trabalho de Jacqueline Sinhoretto

A socióloga brasileira Jacqueline Sinhoretto investigou e escreveu sobre linchamentos no Brasil. Ela virá a Moçambique, em data a indicar oportunamente, para participar com os investigadores da Unidade de Diagnóstico Social (UDS) do Centro de Estudos Africanos, num debate sobre o tema, com base nos resultados de uma pesquisa que a UDS realiza. Importe aqui a sua tese de mestrado.

24 abril 2007

"Diário de um sociólogo" na Wikipedia

Este portal figura como uma das ligações externas de consulta sobre Moçambique na enciclopédia online Wikipedia.

Abril: dez anos de bloguismo


Completam-se este mês dez anos de bloguismo desde que Dave Winer criou o primeiro blogue em Abril de 1997.

1970, era colonial, a marrabenta do amor

Oiçam este documento histórico adicionado ontem ao "youtube" por "vmrcardoso".

Contradições na "sociedade civil" por causa da CNE


De acordo com o "mediafax", existem contradições na "sociedade civil" no tocante à selecção de candidatos para a Comissão Nacional de Eleições.

Eusébio pode ter alta amanhã


Tudo indica que Eusébio poderá ter alta já amanhã, após ter sido operado à artéria carótida.

Violada e assassinada aos 22 anos


Foi violada e assassinada. Tinha 22 anos, chamava-se Sónia Cumbe e residia no quarteirão 29, bairro da Liberdade, município da Matola. Mais um dos numerosos casos que enchem os nossos jornais.

PDD esqueceu-se do seu portal?


O portal do PDD está bem pior do que o da Renamo. Creio que não é actualizado desde 2004.
Estão vazias rubricas como "últimas notícias", "artigos" e "entrevistas". Há uma mensagem e um "comunicado de repúdio" datados de 2004. As secções mais desenvolvidas são a biografia e o "álbum (fotográfico) do presidente" do partido, Raul Domingos.

Florestas: cortar, fiscalizar e distribuir rendimentos


Nos últimos meses, responsáveis da Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF) têm-se multiplicado em intervenções minuciosas sobre o bom estado de saúde das nossas florestas, sobre a eficiência fiscalizadora do Estado e sobre a cobrança e distribuição de rendimentos. Por exemplo, a recente intervenção do director nacional adjunto assemelha-se muito a uma instância de distribuição de prémios de rendimento.
Naturalmente que essas intervenções oficiais - sempre no sentido de que tudo está bem -devem muito à pressão pública das organizações preocupadas com o ambiente.
Todavia, é mais fácil as galinhas terem dentes do que ouvir um porta-voz da DNTF dar-nos conta, por exemplo, daquilo que, anualmente, se tem feito em termos de repovoamento florestal em toda a sua complexidade.
Veremos nas próximas décadas se o futuro tem lugar em cada árvore-mercadoria do nosso país.

23 abril 2007

Shankar Vedantam sobre a violência


A violência é uma espécie de vida social do mesmo género que a lei - leia as ideias do sociólogo Shankar Vedantam a propósito do assassinato há dias de 33 pessoas em Virgínia, nos Estados Unidos.

Eusébio está consciente


Após a operação a que foi sujeito esta manhã, Eusébio está consciente e o seu estado de saúde é considerado estável.

Xenofobia: a canibalização do Outro (5)




Em Agosto do ano passado, residentes dos bairro T3 na Matola chamaram curandeiros para descobrirem os assassinos que supostamente aterrorizavam o bairro, face à crença na ineficiência da polícia. Aos curandeiros foi dado um prazo de 15 dias para encontrarem uma solução e revelaram a identidade dos criminosos. O dedo acusador foi apontado aos estrangeiros do Zimbabwe e dos Grandes Lagos, capazes, segundo os residentes de T3, de se transformarem em gatos, ratos e cobras para violarem mulheres na calada da noite e matarem cidadãos com o fito de lhes extraírem o sangue para operações mágicas.
Em Março deste ano foram reportados casos de ataques a bens de cidadãos burundeses e congoloses em Nampula.
Podemos, assim, ainda que em pequenas proporções por agora, estar já confrontados com a etnicidade sem etnia ou com o racismo sem raça face à disputa de recursos de poder.

Primeiro livro publicado em Moçambique


A tipografia nasce em Moçambique com a publicação em 1854 do primeiro número do Boletim do Governo da Província de Moçambique.
Assim assinalo o Dia Mundial do Livro, que hoje se comemora.
_________________________
Fonte: Rocha, Ilídio, Catálogo dos periódicos e principais seriados de Moçambique - da introdução da tipografia à independência (1854-1975). Lisboa: Edições 70, 1985.

22 abril 2007

Eusébio foi hospitalizado

O luso-moçambicano Eusébio da Silva Ferreira , de 65 anos, foi ontem internado num hospital de Lisboa, depois de ter sentido tonturas. O seu estado de saúde depende de uma operação cirúrgica complexa de "consequências imprevisíveis" (sic). A autorização para a operação terá de ser dada por Eusébio e sua família.
_____________________________
Adenda às 07:00 de hoje, 23/04/07: Eusébio será operado esta manhã às 9 horas locais, numa tentativa para desbloquear placas que afectam as artérias coronárias. A operação terá um risco de 6% de morbilidade (Rádio Moçambique, noticiário das 6 horas)