29 janeiro 2007

Kusondzokera ndale pa dziko (3)


"Só há duas maneiras de analisar política: a certa que é vossa e a errada que é minha" (provérbio meu cuja patente não registei)

Prossigamos na estrada do kusondzokera ndale pa dziko (espreitando a política na terra).
Temos uma enorme e paciente capacidade para guardarmos a memória da nossa placenta psíquica.
Assim, há dias, o presidente do partido Renamo, Afonso Dhlakama, falou uma vez mais nos "comunistas" da Frelimo a propósito do que chamou roubo sistemático de votos nas eleições e apego ao monopartidarismo.
O Sr. Januário, por exemplo, membro do partido Frelimo, pode ser um ardente defensor dos ideais neo-liberais e ser até um bem-sucedido capitalista do import-export após ter obtido créditos do ex-Banco Austral. Todavia, para o Sr. Dhlakama o Sr. Januário é e será sempre um comunista. Não vale a pena, diz o nosso povo, com a sua forma prazenteira de ver a vida.
Por outro lado, do lado dos porta-vozes da Frelimo, a Renamo será sempre uma enorme unidade guerrilheira, bandida-armada, zaragateira e irresponsável.
Não importa o que o Sr. Pompílio faça, ele que é membro da Renamo e pacato funcionário de uma empresa pública, pois é e será sempre visto como filho dessa "unidade psíquica", como mero órgão de um corpo cuja patologia está fixada para sempre.
Temos, assim, o jogo interessante dos paralogismos irremediáveis.

Sem comentários: